No dia 15 de fevereiro acordamos atrasados pois meu celular resolveu não despertar (tudo bem que a culpa foi minha pq era sábado e ele só desperta de segunda a sexta e esqueci de mudar essa configuração) e a coitada da nossa "taxista" (brasileira que faz transfers da casa da pessoa para o aeroporto e vice-versa por um preço fixo, para complementar a renda) teve que esperar a gente por algum tempo na frente do prédio enquanto nos arrumávamos correndo. A sorte é que eu acordei 3 minutos depois que ela mandou msg no meu celular! Se eu não tivesse acordado, teríamos perdido o vôo!
Bom, depois dessa emoção logo no começo, pegamos o vôo até Hamilton Island, uma das ilhas do arquipélago de Whitsundays, que fica na entrada da Grande Barreira de Corais.
Hamilton Island é uma ilha forrada de resorts, um dos lugares mais caros da Austrália, e por isso ficamos apenas o tempo de pegar um barco para Airlie Beach.
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Aeroporto de Hamilton Island |
Pousadas/Resorts em Hamilton Island |
Dormimos a primeira noite lá no Beaches Hostel, custa $18 dólares por noite por pessoa, em um quarto misto com 10 pessoas e um banheiro. Era bem sujinho e barulhento, mas só precisávamos para passar a noite, pois no dia seguinte já iríamos acampar em Whitsunday Island.
Logo depois do almoço partimos pra Whitehaven Beach, uma das praias dessa ilha paradisíaca, e a mais movimentada durante o dia.
Montamos nosso acampamento mais para dentro da matinha frontal, parece uma restinga. Neste dia tínha mais 3 outros grupos de pessoas acampando. Nossos primeiros vizinhos.
Chegando lá descobrimos que o banheiro era apenas um vaso ecológico, desses que é uma privada com um buraco no fundo. Ou seja: sem chuveiro! Teríamos que usar as garrafinhas de gatorade que levamos para tomar banho, racionando os 40 litros de água que tínhamos disponível em dois galões!
Nosso acampamento |
Nossa janta foi uma lata de carne com cogumelos pra mim e uma de carne com bacon pro Longo. Tivemos que colocar a lata direto no nosso fogãozinho portátil, já que eu tinha esquecido de comprar uma panela funda pra esquentar a comida enlatada, que parecia uma sopa hehehe.
Inventamos um banheiro mais privativo pendurando as toalhas numa corda pros nossos vizinhos não verem a gente. Pra não gastar água, não lavei meu cabelo (mulheres sabem o que é não lavar o cabelo depois de um dia de mar e sol). Fomos pra dentro da barraca assim que o sol se pôs, ou seríamos devorados pelos mosquitos australianos, e logo começou a chover. Quando senti que precisava ir ao banheiro, ouço as nossas vizinhas gritando: não vão pro banheiro, tem uma cobra lá! Cuidado com a cobra.... elas gritavam. Os meus olhinhos brilhavam, levantei no mesmo segundo e corremos para o banheiro ver a cobra! Lindíssima, grandinha, uma Python!
Depois de tirar fotos e ir realmente ao banheiro, começou uma chuva muito forte e voltamos correndo molhados para a barraca. Ou seja: logo na primeira noite já sujamos o colchão com terra.
Python lindona |
Nessa noite choveu muito, de dar medo. Será que a barraca ía aguentar? Água entrava pelo zíper e quando o vento erguia um pouco da capa impermeavel da barraca. Muitos raivos e tudo o que eu conseguia pensar era no ciclone que havia passado por ali cerca de 10 dias antes! Mas sobrevivemos, a barraca não inundou, e no dia seguinte tinha um sol forte. Nossos vizinhos foram embora e um grupo de asiáticos havia chegado.
Mais um dia de praia e mergulho com snorkel. Apesar de ali não ter corais, tem muitos peixes.
Enquanto eu estava sozinha na água, descansando um pouco, vi uns peixes pularem há uns 10 metros de mim. Pensei: opa, deve ser um cardume... resolvi nadar até ali para ver, mas na metade do caminho parei: e se estiverem pulando por causa de um tubarão? Alguns segundos depois passa na minha frente um tubarãozinho, de mais ou menos uns 90cm. Passou e foi embora, e eu idiota congelei, não quis enfiar minha cara na água pra ver ele embaixo da água :( E logo nesse dia que eu não tinha levado a câmera pra não gastar toda a bateria!
Almoço do dia: miojo nas latas usadas no dia anterior e champignon.
Janta: Pão de forma com atum e de sobremesa, pão com nutella :D
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Vai um miojinho aí? =D |
Dessa vez lavei meu cabelo, já estavam formando uns dreads hehehe
Na segunda noite não choveu, então fui na praia e olhei as estrelas por um tempo, sem luz artificial nenhuma na ilha, o céu estava de tirar o fôlego, e a lua iluminava a praia. Lindíssimo.
Neste dia conhecemos alguns de nossos vizinhos, como a Dona Clotilde, o Charlie, Bill e Jorge (pronuncia-se Rôr-re). Eles estavam sempre por perto :)
Como íamos pra barraca cedo, aproveitávamos pra ficar lendo enquanto ouvíamos o barulho dos animais e das árvores com o vento.
Dona Clotilde |
Bill |
Charlie - Blue tongue skink (Tiliqua sp.) |
Visita - Lace monitor (Varanus varius) |
No dia seguinte os vizinhos asiáticos foram embora e ficavamos sozinhos na ilha durante o resto da semana.
Almoço: mais comida enlatada: carne com cogumelo e macarrão a bolonhesa.
Janta: pão com atum e pão com nutella.
Durante a tarde choveu bastante e eu resolvi tomar um banho de chuva, enquanto o Longo ficava lendo dentro da barraca. Fiquei ali na praia sozinha, olhando o mar enquanto a chuva caía e lavava minha alma. Não conseguia esconder o sorriso enorme de felicidade que eu sentia naquele momento.
No quarto dia fomos fazer a trilha até uma outra praia, chamada Chance Bay, infinitos lagartos no meio do caminho, aranhas enormes, inúmeros cantos das aves, e chegando lá, uma praia linda e deserta!
Fizemos snorkel lá, vários peixes também!
Arraia - Whitehaven beach |
Chance Bay |
Voltando ao acampamento percebemos que tínhamos trazido comida de menos.
Almoço: miojo
Janta: era pra ser o ultimo pacote de miojo e uma lata de feijão. Mas a desastrada derrubou a lata do miojo e eu e o Longo, dois gordinhos, tivemos que dividir uma lata de feijão de janta. Fomos dormir de barriga roncando.
Nessa noite vagalumes visitaram nossa barraca, ficamos vendo eles por horas até adormecer.
Nosso último dia na ilha, sem nada pra comer. Ficamos um pouco na praia e começamos a desmontar o acampamento. Era quase uma hora da tarde quando nosso barqueiro veio buscar a gente.
E assim deixamos a ilha paradisíaca. Mas voltamos pra lá no dia seguinte =D
Quando chegamos no hostel deixamos as mochilas e nem queríamos tomar banho (apesar de parecermos mendigos e cheirando como alguns australianos) fomos correndo comer. Já era mais de 3 horas da tarde.
No dia seguinte, fizemos um passeio de barco, voltamos à Whitehaven beach, mas na outra ponta, onde tem as areias mais puras do mundo, com 98% de sílica, onde é proibido acampar (e por isso não ficamos lá). Pegamos uma trilha que leva até o mirante, e sem sombra de dúvidas, foi a paisagem mais linda que já vi na minha vida. Depois descemos até a praia, com as águas transparentes víamos as arraias passando e vários peixinhos. A areia é tão branca que reflete o sol e queima a pele muito mais do que numa praia normal.
Depois voltamos pro barco e fomos rumo à Hook Island, fazer snorkel no recife de corais que tem ali.
Depois voltamos pro barco e fomos rumo à Hook Island, fazer snorkel no recife de corais que tem ali.
Fascinante! Perdi as contas de quantos peixes diferentes tinham ali, quantas cores eu vi!
No dia seguinte pegamos o barco de volta pra Hamilton Island e de lá voltamos pra casa.
Ufa! Acho que isso é tudo, beijos pra quem leu até aqui
=D
PS: se vcs estão se perguntando pq nadávamos usando roupas de lycra, é pq agora é época de águas-vivas e se fôssemos pegos por uma irukandji ou box jellyfish, esta que vos fala já teria passado pra outra dimensão :)