sábado, 3 de maio de 2014

Saída de campo: Heron Island

Faz tempo que não escrevo aqui né? Vou tentar compensar hoje!
Na UQ existem algumas materias onde vc pode fazer saídas de campo, não importa se você é da Bio ou não.
Uma dessas matérias é a Australia's Marine Environments, com 0 australianos, 70% norte americanos, 15% brasileiros e o resto de todas as partes do mundo (desde Noruega, Suécia até Portugal e Chile), ela tem duas saídas de campo: uma pra Stradbroke Island (que eu não fui pq já fui pra lá varias vezes) e outra pra Heron Island. Não é barato (690 doletas) mas sai mais barato do que ir conhecer a Grande Barreira de Corais por sua conta e risco, já que inclui viagem, alojamento, comida e equipamento.
Bom, como já falei, Heron Island é uma ilha que fica na Grande Barreira de Corais, há 80 km da costa (Gladstone). Lá tem uma estação de pesquisa da universidade e um resort, não existe fonte de água potável, toda água utilizada lá foi dessalinizada e para energia elétrica eles possuem geradores e aquecedores solares, sendo que na estação de pesquisa a água usada pra dar descarga é reciclada. A ilha é bem pequena, nós demos a volta nela em cerca de 30 minutos, parando pra ver as tartaruguinhas indo pro mar (ou pro resort).
É uma viagem longa e cansativa, são cerca de 8 horas de ônibus (sem banheiro ou assentos reclináveis) e mais 2 horas e pouco de barco. Para os que têm estômago fraco como eu, a agência do barco dá comprimidos de gengibre (eu não sabia, mas gengibre previne enjôo).

Heron Island e seu recife em volta
HMAS protector foi um navio utilizado durante as duas guerras mundiais, em 1943 bateu em um rebocador e foi levado até Heron Island onde afundou em 1945. Durante o mergulho noturno encontrei uma tartaruga dentro dele :)

Chegando lá nós almoçamos, guardamos nossas coisas nos alojamentos e já partimos para o primeiro mergulho de snorkel. Logo de cara já vi tubarão (galha preta - Carcharhinus melanopterus) e tartaruga marinha (acredito que seja a verde (Chelonia mydas), além de peixes de infinitas cores.
Choveu um pouco nos dois primeiros dias, mas mesmo assim a água estava com visibilidade ótima, e temperatura agradável (com roupa de neoprene, óbvio).

Carcharhinus melanopterus - Galha preta

Nessa noite demos a volta a ilha, com as lanternas desligadas, pra evitar a interferência da luz na ida das tartaruguinhas para o mar, porém vimos várias indo em direção às luzes do resort, o que é uma pena :( Também encontramos um caranguejo comendo uma tartaruguinha, dá uma peninha...
Ao terminar a caminhada fomos no trapiche (cais) ver se conseguíamos ver algo no mar, e vimos muitos tubarões e sépias que mudavam de cor, mas como estava apenas com o celular, e de noite, impossível tirar foto.
Durante a madrugada acordei pra ir ao banheiro e encontrei uma tartaruguinha indo em direção às luzes do banheiro :s apesar da prof. ter falado pra não botar elas no mar, não resisti e coloquei pelo menos na estradinha de areia que levava ao mar, mas quando acordei de manhã e olhei pro telhado do refeitório, vi uma gaivota com uma no bico :(
No segundo dia teve mergulho de manhã de novo, caminhada no recife (reef walking) durante a maré baixa e o mergulho noturno. Foi cansativo, mas foi muuuito legal! O noturno é legal pra onhecer e ver alguns animais que não aparecem muito durante o dia, mas não tem aquela diversidade de peixes coloridos como tem durante o dia.

Esse pepino é demais! Conhecido pelos aussies como salsicha-queimada (Holothuria edulis)

Moréia lindona (seria Gymnothorax fimbriatus?)

Coral roxo <3
Escondidinha (Chelonia mydas)
Grupo de mergulho noturno

Tartaruga embaixo do navio naufragado

No terceiro dia, tivemos que pegar no batente. Eu estava no projeto com peixes borboleta, então depois de uma reunião bastaaante demorada, fizemos nossa primeira coleta de dados: tínhamos que identificar as espécies que vinham se alimentar em corais (Acropora nobilis) vivos ou mortos, ver as diferenças da comunidade de peixes borboletas entre os corais mortos e vivos, e ver do que estavam se alimentando (pólipos dos corais, algas ou invertebrados). Pra isso tínhamos que ir em duplas e enquanto um filmava o coral, o outro anotava em um papel especial para usar na água as espécies que entravam no nosso quadrante e o que estavam comendo. Isso acabou perto do pôr do sol e pude assistí-lo de dentro da água, foi bem bonito.
Chaetodon rainfordi - uma das centenas de espécies de peixe borboleta

Quarto dia e tive que acordar as 5:30, botar a roupa de mergulho e partir pra água, já que a maré alta era as 6 da matina e tínhamos que aproveitá-la pro último dia de coleta de dados pro nosso projeto. O resto da tarde foi para analisar nossos dados e depois pegamos um barco para ir conhecer o outro recife perto de Heron Island, e ver o quanto ciclones e tempestades destroem os corais. Água quentinha e uma infinidade de peixes lindos, muitos peixes borboletas que não vimos durante nossa coleta de dados.

Corais e peixinhos

Vários peixinhos

Meu preferido - Thalassoma lunare

Essa foi nossa última noite na ilha, então aproveitamos pra assistir o pôr do sol no trapiche e depois ficamos conversando na areia da praia por horas, o céu estava muuuuito estrelado, já que estávamos bem longe da luminosidade das cidades. Podíamos ver a via láctea e consegui contar 7 estrelas cadentes! Deu pra fazer vários pedidos hahaha


Último dia, tivemos que arrumar tudo, limpar nosso quarto, devolver os equipamentos e nos despedirmos da ilha, fomos à praia e descansamos antes de dar a hora pra pegar o barco e partir rumo à Gladstone, pegar o busão de novo e voltar pra Brisbane.

Shark Bay

Concluindo meu texto, quem tiver a oportunidade de vir pra Brisbane e estudar na UQ, não deixe de fazer esta matéria, vale muito a pena e vai ser muito difícil de conseguir ir pra Heron Island se não for pela universidade, já que a diária no resort é no mínimo $318 dólares por quarto.
Até a próxima!