Na UQ existem algumas materias onde vc pode fazer saídas de campo, não importa se você é da Bio ou não.
Uma dessas matérias é a Australia's Marine Environments, com 0 australianos, 70% norte americanos, 15% brasileiros e o resto de todas as partes do mundo (desde Noruega, Suécia até Portugal e Chile), ela tem duas saídas de campo: uma pra Stradbroke Island (que eu não fui pq já fui pra lá varias vezes) e outra pra Heron Island. Não é barato (690 doletas) mas sai mais barato do que ir conhecer a Grande Barreira de Corais por sua conta e risco, já que inclui viagem, alojamento, comida e equipamento.
Bom, como já falei, Heron Island é uma ilha que fica na Grande Barreira de Corais, há 80 km da costa (Gladstone). Lá tem uma estação de pesquisa da universidade e um resort, não existe fonte de água potável, toda água utilizada lá foi dessalinizada e para energia elétrica eles possuem geradores e aquecedores solares, sendo que na estação de pesquisa a água usada pra dar descarga é reciclada. A ilha é bem pequena, nós demos a volta nela em cerca de 30 minutos, parando pra ver as tartaruguinhas indo pro mar (ou pro resort).
É uma viagem longa e cansativa, são cerca de 8 horas de ônibus (sem banheiro ou assentos reclináveis) e mais 2 horas e pouco de barco. Para os que têm estômago fraco como eu, a agência do barco dá comprimidos de gengibre (eu não sabia, mas gengibre previne enjôo).
Heron Island e seu recife em volta |
Chegando lá nós almoçamos, guardamos nossas coisas nos alojamentos e já partimos para o primeiro mergulho de snorkel. Logo de cara já vi tubarão (galha preta - Carcharhinus melanopterus) e tartaruga marinha (acredito que seja a verde (Chelonia mydas), além de peixes de infinitas cores.
Choveu um pouco nos dois primeiros dias, mas mesmo assim a água estava com visibilidade ótima, e temperatura agradável (com roupa de neoprene, óbvio).
Carcharhinus melanopterus - Galha preta |
Nessa noite demos a volta a ilha, com as lanternas desligadas, pra evitar a interferência da luz na ida das tartaruguinhas para o mar, porém vimos várias indo em direção às luzes do resort, o que é uma pena :( Também encontramos um caranguejo comendo uma tartaruguinha, dá uma peninha...
Ao terminar a caminhada fomos no trapiche (cais) ver se conseguíamos ver algo no mar, e vimos muitos tubarões e sépias que mudavam de cor, mas como estava apenas com o celular, e de noite, impossível tirar foto.
Durante a madrugada acordei pra ir ao banheiro e encontrei uma tartaruguinha indo em direção às luzes do banheiro :s apesar da prof. ter falado pra não botar elas no mar, não resisti e coloquei pelo menos na estradinha de areia que levava ao mar, mas quando acordei de manhã e olhei pro telhado do refeitório, vi uma gaivota com uma no bico :(
No segundo dia teve mergulho de manhã de novo, caminhada no recife (reef walking) durante a maré baixa e o mergulho noturno. Foi cansativo, mas foi muuuito legal! O noturno é legal pra onhecer e ver alguns animais que não aparecem muito durante o dia, mas não tem aquela diversidade de peixes coloridos como tem durante o dia.
Esse pepino é demais! Conhecido pelos aussies como salsicha-queimada (Holothuria edulis) |
Moréia lindona (seria Gymnothorax fimbriatus?) |
Coral roxo <3 |
Escondidinha (Chelonia mydas) |
Grupo de mergulho noturno |
Tartaruga embaixo do navio naufragado |
No terceiro dia, tivemos que pegar no batente. Eu estava no projeto com peixes borboleta, então depois de uma reunião bastaaante demorada, fizemos nossa primeira coleta de dados: tínhamos que identificar as espécies que vinham se alimentar em corais (Acropora nobilis) vivos ou mortos, ver as diferenças da comunidade de peixes borboletas entre os corais mortos e vivos, e ver do que estavam se alimentando (pólipos dos corais, algas ou invertebrados). Pra isso tínhamos que ir em duplas e enquanto um filmava o coral, o outro anotava em um papel especial para usar na água as espécies que entravam no nosso quadrante e o que estavam comendo. Isso acabou perto do pôr do sol e pude assistí-lo de dentro da água, foi bem bonito.
Chaetodon rainfordi - uma das centenas de espécies de peixe borboleta |
Quarto dia e tive que acordar as 5:30, botar a roupa de mergulho e partir pra água, já que a maré alta era as 6 da matina e tínhamos que aproveitá-la pro último dia de coleta de dados pro nosso projeto. O resto da tarde foi para analisar nossos dados e depois pegamos um barco para ir conhecer o outro recife perto de Heron Island, e ver o quanto ciclones e tempestades destroem os corais. Água quentinha e uma infinidade de peixes lindos, muitos peixes borboletas que não vimos durante nossa coleta de dados.
Corais e peixinhos |
Vários peixinhos |
Meu preferido - Thalassoma lunare |
Essa foi nossa última noite na ilha, então aproveitamos pra assistir o pôr do sol no trapiche e depois ficamos conversando na areia da praia por horas, o céu estava muuuuito estrelado, já que estávamos bem longe da luminosidade das cidades. Podíamos ver a via láctea e consegui contar 7 estrelas cadentes! Deu pra fazer vários pedidos hahaha
Último dia, tivemos que arrumar tudo, limpar nosso quarto, devolver os equipamentos e nos despedirmos da ilha, fomos à praia e descansamos antes de dar a hora pra pegar o barco e partir rumo à Gladstone, pegar o busão de novo e voltar pra Brisbane.
Shark Bay |
Concluindo meu texto, quem tiver a oportunidade de vir pra Brisbane e estudar na UQ, não deixe de fazer esta matéria, vale muito a pena e vai ser muito difícil de conseguir ir pra Heron Island se não for pela universidade, já que a diária no resort é no mínimo $318 dólares por quarto.
Até a próxima!